Por que o regime persegue as mulheres belarussas
No Dia Internacional da Solidariedade das Mulheres na Luta por seus Direitos, o Centro de Direitos Humanos Viasná conta como e por que o regime de Lukashenka persegue as mulheres belarussas.
Em 2020, a maioria do povo belarusso votou em Sviatlana Tsikhanóuskaya nas eleições, ao contrário das afirmações do ditador de que nem mesmo a Constituição do país foi escrita “para uma mulher”. O trio de mulheres da sede unida dos candidatos — Sviatlana Tsikhanóuskaya, Marýia Kalésnikava e Veranika Tsapkala — tornou-se o símbolo das mudanças. As marchas femininas tornaram possível que os protestos continuassem depois da violenta repressão das manifestações pacíficas nos primeiros dias após as eleições fraudulentas. Até hoje, belarussas continuam a lutar pela liberdade e são submetidas à repressão.
Hoje, há 155 presas políticas em Belarus em locais de detenção, segundo o Centro de Direitos Humanos Viasná. Por causa dos protestos contra o atual governo e contra a guerra na Ucrânia, desde 2020, 165 mulheres foram “condenadas” à colônia penal, 304 à trabalho forçado em domicílio, 60 ao campo de trabalho forçado, quatro mulheres, à penitenciária, e uma, ao tratamento psiquiátrico forçado. Portanto, a maioria delas passa o Dia Internacional da Mulher atrás das grades na prisão, no campo de trabalho forçado, e algumas até mesmo na “transferência” para uma colônia.
Na maioria das vezes, as mulheres belarussas são “julgadas” pela participação em protestos pacíficos. Neste momento, 70 dos 155 presos políticos estão sendo processados por participação em protestos em 2020. As mulheres belarussas são “julgadas” por se pronunciarem contra a guerra na Ucrânia — mesmo por usar uma fita amarela e azul no cabelo ou cantar uma música em ucraniano. Quinze mulheres foram condenadas por comentarem na Internet o “caso Zeltzer”– quando o trabalhador de TI foi morto a tiro em seu próprio apartamento por agentes da KGB. A esposa de Andrei Zeltzer, Marýia Uspénskaya, foi acusada de cumplicidade no assassinato do funcionário do KGB e “condenada” a tratamento psiquiátrico obrigatório. Jornalistas, ativistas dos direitos humanos e advogadas têm sido processadas por suas atividades profissionais. E Darya Lóssik foi “condenada” a dois anos por uma entrevista sobre seu marido, o preso político Íhar Lóssik.
Para o Dia Internacional da Solidariedade da Mulher, a Fundação BYSOL, juntamente com Viasná e Girls Power Belarus, lançou uma campanha de arrecadação dos fundos em apoio às presas políticas belarussas: “Sua solidariedade e seu apoio serão úteis para comprar roupas para as prisioneiras políticas, pagar um advogado ou ajudá-las a adquirir uma nova profissão”. O apoio internacional é especialmente importante num tempo em que o regime está perseguindo pessoas que enviaram doações de seus cartões belarussos para campanhas semelhantes de arrecadação de fundos.