“Eles colocaram uma arma na cabeça dele e disseram que ele já chegou”
Illiá Veraméyeu, um belarusso de 18 anos, foi condenado a 6,5 anos de prisão por sua postura antiguerra. Sua irmã Yana contou a história do jovem prisioneiro político disse a “Viasna” por sua irmã Yana.
Na manhã de 24 de fevereiro, Illiá Veraméyeu, de Hómel, depois de saber do início de uma grande guerra na Ucrânia, escreveu no Telegram a sua irmã Yana, que mora na cidade ucraniana de Mykolaiv: “Só não se aproxime das janelas!”. “Nos primeiros dias havia tanques explodindo literalmente a 300 metros de minha casa. Alguns dias depois, um míssil de cruzeiro caiu ao lado da minha casa”, recorda-se Yana. Três dias depois, Illiá foi detido depois de ter exigido uma ação contra a guerra em um grupo do Telegram local. Os policiais esperando por ele no local onde ele devia encontrar-se com as pessoas que também estavam contra a guerra. “Eles colocaram uma arma na cabeça dele e disseram para ele não se mexer e que ele já chegou”, diz Yana.
Seis meses depois, Illiá foi condenado a seis anos e meio de prisão em uma colônia penal de segurança máxima. De acordo com sua irmã, seus companheiros de cela têm muita fé na propaganda do regime. Ilya escreve: “Agora divido a cela com cinco ‘zumbis’. Normalmente tem pelo menos uma pessoa que pensa. Mas esses têm muita contradição, falta de lógica, negação de fatos. (…) É muito assustador, são pessoas perdidas. E são muitas assim”.
A irmã de Illiá, Yana, mora há vários anos na Ucrânia com sua família. A última vez que ela viu seu irmão foi há um ano, em Hómel. Illiá acaba de terminar a escola este ano. No dia 1º de agosto ele fez 19 anos, já detido. Depois da escola, ele decidiu trabalhar e se dedicou à produção de azulejos decorativos. Illiá sonhava em se mudar para a Ucrânia e estava muito preocupado com o ataque russo, em particular, com os bombardeios dos primeiros minutos da guerra de sua querida cidade de Mykolaiv, onde sua irmã morava.